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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

OS ABENÇOADOS - Transformação

"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos." - Mateus 5:6
            Compreendemos que todos os cristãos precisam manifestar as Bem-aventuranças. Estas não são qualidades de apenas alguns, mas todos os verdadeiros cristãos precisam ser caracterizados por estas virtudes espirituais. Devem fazer parte de nosso caráter cristão. E, se não fazem, precisamos buscar, em Deus, tratamento para o nosso coração.
            Aqueles que dependem unicamente de Deus, que choram por uma condição espiritual absolutamente corrompida, que agem, pensam e falam com mansidão, devem ter fome e sede de justiça.
            A Bíblia nos ensina que existem três aspectos de justiça: o legal, o moral e o social. Mas sobre qual delas Jesus estaria ensinando aqui? Seria a justiça legal? Ao contrário do que muitos podem imaginar, a justiça legal não é regida pelas leis de um Estado soberano, mas é a base de um relacionamento verdadeiro com Deus. O ato, através do qual, Deus justifica o pecador e o chama para desfrutar desse condição debaixo da Graça. Este ato é conhecido por justificação.
            Como este é um ato de Deus no homem, entendemos que todo verdadeiro discípulo de Cristo precisa, antes de mais nada, ser justificado por Deus. E, como Jesus está ensinando aos seus discípulos (e, consequentemente, a nós também), entendemos que todos que o ouviam (a exceção, provavelmente, de Judas Iscariotes) já haviam sido justificados. Por isso, entendemos que Jesus não estava falando dessa justiça legal.
            A justiça que Jesus ensina aqui (vs. 6) não pode ser realizada pelo homem, uma vez que trata-se de uma justiça perfeita, ilimitada, eterna e, principalmente, espiritual. E essa justiça perfeita só pode ser encontrada em Deus. 
             Seguindo a lógica do ensinamento de Jesus, podemos perceber que Jesus está falando da justiça moral: a retidão do caráter do cristão verdadeiro. É a conduta de acordo com a vontade de Deus. Se não, vejamos: Jesus está falando de uma condição de total dependência de Deus (humildes de espírito - vs. 3) e que sofrem por esta condição (choram - vs. 4). Além disso, são homens e mulheres que agem com mansidão (vs. 5), mesmo quando acusados de sua pecaminosidade.
            São estes que, verdadeiramente, estão famintos e sedentos de justiça por causa da sua condição. Batalham para que seu caráter seja transformado de acordo com a vontade de Deus.
            Mas não apenas isso: também estão famintos e sedentos de justiça por causa da condição de pecaminosidade e maldade expressa no mundo por causa da humanidade em geral. E, por isso, precisam batalhar pra que a sociedade também seja, cada vez mais, transformada de acordo com a vontade de Deus.
            Viver a justiça não é apenas um relacionamento de retidão com Deus, mas é batalhar por uma sociedade mais reta diante de Deus. É, por isso, batalhar pra que exista justiça social, ou seja, "a libertação do homem da opressão, junto com a promoção dos direitos civis, da justiça nos tribunais, da integridade nos negócios e da honra no lar e nos relacionamentos familiares."*
            É evidente, porém, que nunca teremos nossa fome e sede satisfeitas plenamente aqui, nesta vida. Aguardamos o dia em que a justiça reinará e que a injustiça será, finalmente, derrotada.
            Que possamos, cada vez mais, batalhar por transformação! Transformação em nosso caráter e, também, transformação em nossa sociedade.
Em Cristo,
Pr. Thiago Mattos.
*John Stott em "Contracultura Cristã", editora ABU. (P. 21)

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo post Reverendo.

Este livro do Stott realmente abre a mente para uma igreja que deve sair da era medieval.

Abraço.

Presb. Rodrigo Oliveira