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quarta-feira, 26 de março de 2014

Cada Vez Melhor (Pregação) - Apocalipse 2:18-29


terça-feira, 25 de março de 2014

CADA VEZ MELHOR – Apocalipse 2:18-29

Que cidadezinha mais sem graça! Esta era Tiatira. Das sete cidades das cartas de Apocalipse, esta é a mais inexpressiva. Curioso é que a carta mais longa de Jesus é destinada para a menor cidade. Não era um grande centro político; não era um grande centro religioso. Tinha poucos templos, o imperador não era muito cultuado nesta cidade, nem o Império. A comunidade judaica era inexpressiva. 
Tudo o que podemos saber é que ela possuía um destacamento militar importante, um templo a Apolo (conhecido como o 'deus Sol') e algumas ligas comerciais. E a cidade rodava por conta dessas corporações. A cidade existia baseada nestas corporações comerciais.
Alguém dificilmente sobreviveria na cidade de Tiatira se não fosse um 'empresário'. Mas para pertencer a essas associações comerciais, você precisaria participar dos grandes banquetes que eram oferecidos e que, muito provavelmente, eram dedicados a algum falso deus. E é aí que os cristãos de Tiatira encontravam sua dificuldade, porque essas festas eram preenchidas com muita idolatria e imoralidade.
A igreja na cidade de Tiatira demonstrou um crescimento notável. O próprio Jesus destaca o amor, a fé, o serviço, a perseverança. E Jesus ainda ressalta que as últimas obras daquela igreja eram ainda mais numerosas. Se a cidade de Tiatira era inexpressiva, a igreja de Tiatira estava CADA VEZ MELHOR! Seu amor era cada vez melhor. O serviço cada vez mais abundante. A fé cada vez mais fervorosa. A perseverança cada vez mais firme.
No entanto, a tolerância com o pecado era também cada vez maior... A igreja de Tiatira parece com muitas igrejas dos nossos dias: fazem um tanto de eventos, promovem diversas atividades, tem um culto vivo e perseveram na fé. Mas ao mesmo tempo não tratam o pecado como deveriam; são tolerantes demais com a imoralidade, a sedução da carnalidade. Estão cada vez mais associados espiritualmente com "a concupiscência da carne, [com] a concupiscência dos olhos [e com] a soberba da vida" (I João 2:16).
O que aqueles crentes não percebiam é que estavam tão associados comercialmente com os ímpios que acabavam por associarem-se a eles também espiritualmente. O que eles não percebiam é que realizar obras cada vez melhores não é desculpa para tolerarmos o pecado. Aliás, a santidade na vida é o que nos leva a realizar obras cada vez melhores pra Jesus!

Em Cristo,
Pr. Thiago Mattos.

quinta-feira, 20 de março de 2014

FÉ SANTA E EQUILIBRADA - Apocalipse 2:12-17

Pérgamo não se comparava, nem de longe, com Éfeso ou Esmirna. Não tinha o charme, nem a riqueza, nem a beleza das duas cidades mais importantes da Ásia Menor. No entanto, ela tinha uma outra característica marcante: a sua religiosidade.
Um morador de Pérgamo teria muitas opções religiosas. Na cidade tinha um templo de Zeus (o principal deus do panteão greco-romano), outro de Atena (a deusa da sabedoria), outro de Dionísio (deus do vinho – as orgias eram consideradas uma adoração a esse deus) e Asclépio (ou Esculápio – deus da cura). Além disso, pela influência que do Império Babilônico, eram comuns as práticas de magias e adivinhações. Mas não era apenas isso: o lugar era, assim como Esmirna, um lugar de grande adoração ao imperador.
Essa multiplicidade religiosa trazia à igreja uma intensa perseguição. Uma perseguição tão intensa que, semelhantemente à igreja de Esmirna, alguns chegavam a pagar com a própria vida pelo fato de serem cristãos. O próprio Antipas, citado por Jesus na carta, "foi morto nesta cidade" (vs. 13 – NVI). No entanto, mesmo em meio a tamanha perseguição, a igreja "não renunciou a sua fé."
A característica que Jesus usa para descrever Antipas, "a fiel testemunha", passa a ter um significado especial para a igreja dos primeiros séculos depois de Cristo. A palavra "testemunha", em grego, língua em que o Novo Testamento foi escrito, é martus, de onde tiramos a palavra 'mártir'. Ou seja, naqueles dias, testemunhar com fidelidade era morrer pelo Evangelho, morrer por amar a Cristo!
No entanto, algumas pessoas daquela igreja vinham negociando seus valores, sua fidelidade, sua adoração. Estavam se dobrando à imoralidade sexual e à idolatria. Na mesma igreja, onde pessoas morriam por amor a Jesus, algumas pessoas estavam se tornando idênticas àquela sociedade moralmente e espiritualmente perdida. Por isso, ao falar com a igreja de Pérgamo, Jesus se refere àquela cidade como o lugar "onde Satanás habita" (vs. 13), onde está o "trono de Satanás".
Para nós, cristãos do séc. XXI, tão 'mente-aberta', 'descolados' e seguidores do 'politicamente correto' e da 'política da boa vizinhança' é muito estranho que o Mestre fale sobre um lugar com religiosidade tão abundante de forma tão dura.
No entanto, Jesus nunca escondeu a verdade: Ele "tem a espada afiada de dois gumes" (vs. 12). A Bíblia faz diversas referências a espada como sendo a Palavra de Deus. Jesus é o Verbo ('logos'; palavra) de Deus (João 1:1). Em Jesus encontramos a revelação máxima do ser de Deus (Hebreus 1:1-3). Quem não conhece Jesus, não conhece o próprio Deus! Mas não apenas isso...
Outras vezes, encontramos na Bíblia a associação entre a espada e juízo de Deus. Para aqueles que enxergam Deus como um velhinho bonzinho, mais parecido com o Papai Noel, precisam enxergam que a ira de Deus permanece sobre os filhos da desobediência (Efésios 5:6). 
Fuja da ira vindoura! 
Em Cristo,
Pr. Thiago Mattos.

segunda-feira, 10 de março de 2014

POBRE PERSEGUIDO PERSEVERA - Apocalipse 2:8-11

A cidade de Esmirna competia com Éfeso para ser a cidade mais importante da Ásia Menor. Ainda que Éfeso fosse uma cidade extremamente rica e próspera, Esmirna rivalizava com Éfeso por ser o centro da adoração ao imperador romano. Mesmo não tendo a importância, nem o tamanho de Éfeso, a adulação/adoração à César elevava o padrão de Esmirna.
Apesar disso, a comunidade judaica tinha uma importância política e social bastante relevante na cidade. E se por um lado, como monoteístas que são e, por causa disso, não se rendendo a adoração a César, desfrutavam de certos privilégios por seguirem uma religião reconhecida pelo Estado.
E diante dessa realidade, os cristãos eram perseguidos por ambos: gentios e judeus. Isso porque, na época, o cristianismo era visto por Roma como uma seita do judaísmo. Por outro lado, o judaísmo não aceitava a mensagem do Caminho (At 9:2; 19:9) e, por isso, perseguiam a igreja.
(Ainda que esta reflexão não seja a respeito disso é sempre bom lembrar: o Estado precisa ser laico! A liberdade de culto é garantida pela laicidade do Estado. A partir do momento em que deixamos de ser um Estado laico, estamos abrindo as portas para que qualquer religião, que não a dominante, seja proibida e, até mesmo, perseguida. Se queremos continuar tendo liberdade para adorar e servir ao Senhor, precisamos garantir que o Estado seja laico.)
A perseguição na cidade de Esmirna era tão intensa que os cristãos não podiam trabalhar, negociar, ocupar cargos no governo e, muito menos, ter alguma liderança mediante às autoridades. Os cristãos de Esmirna eram lançados na prisão para aguardar seu julgamento. Muitos eram torturados e mortos por sua fé em Jesus. No entanto, o amor a Cristo dos crentes de Esmirna era tão intenso que nada disso foi suficiente para esfriar ou apagar a fé daqueles homens e mulheres de Deus. Enquanto isso, muitos daqueles que se dizem cristãos, em nosso tempo, negam sua fé por tão pouco...
Através da história da igreja, conhecemos a respeito da vida de um homem, pastor e líder da igreja de Esmirna: Policarpo. Este homem havia sido discípulo do próprio João, autor do Apocalipse, e é bastante provável que o anjo da igreja a quem a carta se destina fosse o próprio Policarpo. E que história de fé!
Policarpo foi preso e obrigado a se retratar e abandonar a sua fé. Foi levado diante de uma arena imensa, lotada de romanos e de autoridades, e forçado a dizer: "Fora com os ateus!" (Os cristãos eram chamados de 'ateus' por não reconhecerem a divindade de César). Policarpo aponta pra toda a multidão que o cercava e diz: "Fora com ESTES ateus". Diante disso, veio a sua acusacão: "Esse é o mestre da Ásia, pai dos cristãos, aquele que derruba por terra e que tem ensinado a muitos a não sacrificarem e não adorarem [a César]." A sua defesa foi: "Por 86 anos tenho servido a Cristo e ele nunca me fez mal algum. Como posso blasfemar contra o meu rei e aquele que me salvou?"
Por causa disso, foi condenado a morrer queimado, mas o que sabemos é que Policarpo zombou do fogo e alertou seus algozes a respeito do fogo do juízo eterno de Deus. Quando ele foi jogado na fogueira, o fogo fez um arco ao seu redor e Policarpo permaneceu intocável. Neste momento, um soldado o feriu com uma adaga e o matou.
Lendo a história de Policarpo, me pergunto se Jesus não teria razão quando perguntou: "Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?" (Lc 18:8). Será que nós encontramos em nós tamanha firmeza de fé?

quarta-feira, 5 de março de 2014

O BÁSICO, MAS COM AMOR

Domingo passado, no culto vespertino, começamos uma nova série de pregações chamada "Uma Igreja Segundo o Coração de Deus". Espero que seja um tempo abençoado, de extremo crescimento para todos nós. E, nesse tempo, precisamos atentar para aquilo que Deus tem para nos falar através das cartas às sete igrejas do Apocalipse.
Em todas as cartas, queridos, existe uma estrutura. Em primeiro lugar veremos um TÍTULO atribuído ao remetente da carta: Jesus. Após a revelação do caráter de Jesus, passamos a ver as CARACTERÍSTICAS da igreja. Por conta dessas características encontramos um CONSELHO ou exortação de Jesus. No entanto, nem todos seguem esse conselho, o que traz uma CONSEQUÊNCIA para aqueles que mantem o coração endurecido pelo pecado. Mas, pela graça de Deus, tudo termina com uma PROMESSA de Jesus ao vencedor.
É verdade, no entanto, que, com relação a essa estrutura, a exceção é mais comum que a regra. Mas, ainda assim, é através dessa estrutura que vamos nos guiar para aprendermos a ser "Uma Igreja Segundo o Coração de Deus."
Ao longo das pregações, os irmãos vão perceber essa estrutura. Em algumas cartas, algumas sessões estão ausentes e em outras estão misturadas em uma só. Mas, mesmo assim, seremos extremamente abençoados ao entendermos aquilo que Cristo quer da sua Igreja ao se comunicar conosco.
As setes igrejas do Apocalipse são, segundo creio, um exemplo e uma realidade de todas as igrejas de todos os tempos na face da terra. E a primeira a ser tratada é a igreja de Éfeso, talvez a igreja mais importante da Ásia Menor.
Éfeso era uma cidade enorme, próspera, crescente, mas idólatra. Existia na cidade um enorme santuário à deusa grega Diana. No entanto, a igreja de Éfeso tornou-se uma grande potência. Ela crescia, servia, colocava à prova os falsos apóstolos. Tudo por amor a Cristo! Existem relatos de historiadores que dizem que os cristãos eram tão numerosos e tão influentes naqueles dias que os templos pagãos estavam quase vazios.
No entanto, queridos, com o passar do tempo, o amor foi esfriando, foi enfraquecendo. Até que os cristãos efésios passassem a perseverar no trabalho e a testar a maldade do engano por mera religiosidade e não por amor a Jesus!
E é por isso que Jesus os incentiva a fazerem "O BÁSICO, MAS COM AMOR." Trabalhar arduamente por Jesus é o básico da vida cristã! Conhecer o Evangelho e ser intolerante com a maldade do engano é o básico da vida cristã! Mas não é porque é o básico que deve nos faltar o primeiro amor para realizarmos essas coisas.
Que Deus nos abençoe,
Pr. Thiago.


Auxílio para o Sermão
1. Caráter de Jesus (vs. 1)
- Jesus controla e ordena o ministério dos anjos da igreja;
- Jesus controla, ordena e está no meio da sua igreja.
2. Característica boa da igreja (vs. 2, 3 e 6)
- Uma igreja que servia;
- Uma igreja que não tolerava o engano e os falsos apóstolos (falso Evangelho).
3. Característica ruim da igreja (vs. 4)
- Seu serviço e sua perseverança não eram motivadas pelo primeiro amor;
- Faziam tudo por religiosidade
4. Conselho de Jesus (vs. 5a)
- Lembre-se do primeiro amor;
- Arrependa-se e volte ao primeiro amor;
- Faça o que você fazia quando sentia o primeiro amor.
5. Consequência do pecado (vs. 5b)
- A falta de arrependimento leva a falta de relevância;
- Falta luz para a igreja, que precisa iluminar.
6. Promessa de Jesus (vs. 7)
- Desfrutar da presença de Deus na eternidade sem a obstrução da maldade e do pecado.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

UMA IGREJA SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS


A partir deste domingo (02/03), na Igreja Presbiteriana em Araucária, no culto vespertino, começaremos a série de sermões "Uma Igreja Segundo o Coração de Deus", baseada nas cartas às sete igrejas do livro de Apocalipse (Capítulos 2 e 3). Para que se aproveite ao máximo essa série de pregações, você pode acessar este editorial para que, ao longo das pregações, você possa consultá-lo caso surja alguma dúvida a respeito da interpretação do texto.
Quando falamos a respeito do livro de Apocalipse, existe um misto de medo, dúvida e mistério que toma conta do nosso coração. As pessoas acham que, porque estamos falando de Apocalipse, estamos falando do fim dos tempos, da destruição do mundo e do caos advindo destes eventos. No entanto, não é para ser assim. Estes pensamentos não correspondem à verdade maravilhosa do Evangelho revelada em Apocalipse.
Ao contrário do que muitos pensam, a palavra 'Apocalipse' não quer dizer 'fim do mundo', caos e destruição. Ela quer dizer 'REVELAÇÃO'! Mas revelação do quê? O próprio livro nos diz: "Revelação de Jesus Cristo..." (1:1). O Apocalipse nada mais é do que a Revelação do próprio Jesus e das coisas que Jesus gostaria que nós provássemos ao vivermos o Evangelho. Em última análise, o Apocalipse revela Jesus! O foco é Jesus! O livro não trata do "fim do mundo", mas da "Revelação de Jesus Cristo" em todos os tempos, em seu relacionamento com a Igreja, na história e seu triunfo sobre a morte, sobre o pecado e sobre Satanás.
Os impressionantes símbolos que nos deixam perplexos eram perfeitamente claros para os primeiros leitores. Eles entendiam perfeitamente as referências veladas. Estes símbolos eram necessários para que as autoridades do Império Romano não suspeitassem dos cristãos. Isto acontecia porque o Apocalipse foi escrito durante uma terrível perseguição aos cristãos do primeiro século por parte do Império Romano. Por causa disso, para entendermos a mensagem do Apocalipse, antes de fazermos aplicações para os nossos dias e, muito menos, 'previsões' a respeito do futuro ou do fim do mundo, precisamos compreender o que estes símbolos significavam aos primeiros leitores.
Apocalipse é um livro profético. E, como os livros proféticos do Antigo Testamento, trata de uma realidade bem específica para os cristãos daqueles dias de perseguição. No entanto, esta realidade se cumpre em toda história da igreja (passado, presente e futuro - não apenas passado, tampouco presente, ou futuro). Por isso, acredito que os cristãos de todas as épocas precisam compreender que a mensagem do Apocalipse, assim como todo escrito profético, se cumpriu no passado e continua se cumprindo no presente.
Por se tratar de um livro escrito em linguagem profética, precisamos compreender que sua interpretação não pode ser literal. Tudo o que é descrito no livro de Apocalipse precisa ser analisado diante de um significado geral, como se fosse uma parábola: devemos, em primeiro lugar, olhar o todo para descobrir a ideia principal.
Além do estilo literário, também precisamos esclarecer a respeito da cronologia: no Apocalipse, ela não é importante. Nós estamos acostumados com histórias que são contadas do início ao fim. No entanto, Apocalipse não é assim. As visões de João são apresentadas como se estivéssemos diante de um grande quadro, onde um acontecimento não acontece necessariamente após o outro apenas porque foi descrito depois: eles podem acontecer ao mesmo tempo.
Que a exposição da Palavra de Deus incendeie nosso coração pela verdade do Evangelho! Que nossa mente possa arder por conhecermos a glória de Jesus revelada em Apocalipse! Que possamos nos tornar, cada vez mais, uma igreja segundo o coração de Deus.
Em Cristo,
Pr. Thiago.