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sábado, 19 de maio de 2012

OS ABENÇOADOS - Perseguição


"Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês" - Mateus 5:10-12

            Vivemos em um tempo de tanto triunfalismo na igreja que falar a respeito de perseguição parece, para alguns, quase uma heresia. Se não fossem palavras do próprio Cristo, alguns poderiam, inclusive, criticar e não querer essa realidade para si ou para sua igreja.

            Porém, Jesus nos demonstra que, como em todas as bem-aventuranças, seus discípulos devem viver tão intensamente a Justiça dos céus que acabam sendo perseguidos pelos homens. Somos abençoados quando nos vemos perseguidos por amor a Cristo, seu Reino e sua perfeita Justiça.

             É irônico que Jesus ensine que seus discípulos são perseguidos por causa da justiça logo em seguida de dizer que eles devem ser pacificadores. Porém, isso acontece porque, em nossa tentativa de estabelecermos a paz, muitas acabam por se recusarem a viver em paz conosco, pois nem todas as tentativas de reconciliação são coroadas com sucesso.

            A perseguição acontece não por causa de nossas falhas e enganos. Acontece por causa da justiça (vs. 10) e por causa de Jesus (vs. 11); acontece pelo choque existente entre dois mundos completamente antagônicos: o Reino dos céus e o reino das trevas. A perseguição é a consequência do encontro entre esses "dois sistemas de valores irreconciliáveis."*

            Diante dessa perseguição, somos consolados pelas palavras de Jesus ("pois deles é o Reino dos céus"). Somos perseguidos aqui, mas teremos o nosso galardão nos céus. E por contemplarmos a realidade eterna, não precisamos nos preocupar com as coisas temporais. Não precisamos de vingança, pois conhecemos a graça. Não precisamos de justiça, pois Cristo se fez justo por nós. Diante das perseguições podemos nos alegrar e nos regozijarmos com as coisas eternas!

            Que possamos viver em comunhão com Jesus, passando por perseguições, tribulações, dores e sofrimentos, pois contemplamos o Reino de Deus e, com essa realidade maravilhosa, podemos nos alegrar e regozijar.

Em Cristo,

Pr. Thiago Mattos.

*John Stott em "Contracultura Cristã", editora ABU. (PP. 25 e 26)

terça-feira, 15 de maio de 2012

OS ABENÇOADOS – Paz


“Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.” – Mateus 5:9

            A seqüência com que Jesus traz as Bem-aventuranças não é por acaso. E, com certeza, existe uma intenção de nosso Mestre ao trazer os pacificadores logo após os limpos de coração. Isso acontece porque alguns dos grandes conflitos em nossa vida se dão pela dureza e sujeira (maldade) que há em nosso coração.

Todos os seres humanos gostariam de desfrutar de Paz. Evidente, porém, que esta Paz, que o mundo não pode dar e que excede todo entendimento, não vem da ausência de guerras ou conflitos. Esta Paz, a verdadeira Paz, só tem aquele que provou (e prova) de reconciliação com Deus, o Criador e Sustentador de todas as coisas.

            Os que provam desta verdadeira Paz, segundo o ensino de Jesus, tornam-se pacificadores. Os verdadeiros filhos de Deus (aqueles que crêem em Jesus, segundo o Evangelho de João 1:12,13) foram reconciliados com Deus. Porém, não podem se acomodar com a benção de serem alcançados por esta Paz. Por provarem desta Paz, começam a espalhar a paz por onde estiverem. Encontraram a Paz com Deus e, por isso, passam a promover a paz.

            Os pacificadores são os ‘feitores’ da paz e, por isso, enganam-se aqueles que pensam que pacificadores são os que não fazem a guerra. Ao contrário, os pacificadores promovem a paz. ‘Batalham’ pela paz.

Os filhos de Deus (pacificadores) não se contentam com o não-envolvimento com a guerra. Pelo contrário, envolvem-se nos conflitos da vida para trazer a paz. A Paz de Deus (a reconciliação) é uma iniciativa do próprio Deus. Ele veio até nós e estabeleceu a Sua Paz. E nós, inspirados e motivados pela sua ação, nos tornamos pacificadores (reconciliadores).

Muitos falam de uma paz ‘qualquer’ preço. Mas o preço pago para esta Paz foi um preço muito alto. Um preço de sangue. O precioso sangue de Jesus estabeleceu a Paz que necessitávamos. Foi através do sofrimento de Cristo em nosso favor que pudemos encontrar a Paz.

“Nós também, embora em escala [muito] menor, vamos descobrir que fazer a paz é um empreendimento custoso. (...) Muitos exemplos poderiam ser dados de paz através do sofrimento. Quando nós mesmos estamos envolvidos numa disputa, ou haverá a dor do pedido de desculpas à pessoa que prejudicamos, ou a dor de repreender a pessoa que nos prejudicou.”

Também podemos passar por situações onde temos que pacificar conflitos de outras pessoas ou de outras instâncias da sociedade e, por isso, precisamos nos lembrar do quanto esta paz pode ser custosa para nossos relacionamentos. Mas, apesar disso, continuamos ‘batalhando’ pela paz.

            Que, como filhos de Deus, possamos promover a paz em todos os lugares onde estivermos.

Em Cristo,

Pr. Thiago Mattos.

*John Stott em “Contracultura Cristã – A mensagem do Sermão do Monte”. Editora ABU. (P. 25)

domingo, 13 de maio de 2012

A MELHOR HERANÇA DE UMA MÃE



“Recordo-me da sua fé não fingida, que primeiro habitou em sua avó Lóide e em sua mãe Eunice, e estou convencido de que também habita em você” – II Timóteo 1:5
 

Este trecho faz parte da introdução a segunda carta que o apóstolo Paulo escreveu a Timóteo. Paulo está falando que sente muita saudade de seu filho espiritual Timóteo, mas, também, rende graças a Deus, por saber que a fé que habita em Timóteo é uma fé verdadeira. Tal como era verdadeira em sua mãe e em sua avó.

Eunice e Lóide eram judias e ensinaram o jovem Timóteo a esperança da vinda do Messias que todo o Antigo Testamento nos aponta. Provavelmente, elas se converteram na cidade de Listra por intermédio da pregação do apóstolo Paulo (Atos 16:1). E, mesmo tendo um pai grego, Timóteo veio a conhecer Jesus porque sua mãe e sua avó comunicaram a verdade do Evangelho para que ele viesse a crer.

O exemplo (e êxito) de Eunice e Lóide com Timóteo deve animar as mães que são de Jesus. A fé dessas mulheres foi um instrumento nas mãos de Deus para formar o caráter e, principalmente, a fé não fingida do jovem ‘pastorzão’ Timóteo. Se ele, mesmo jovem, se tornou um excelente e útil pastor foi, com toda certeza, pela influência dessas mulheres de Deus.

E isto tem sido particularmente verdadeiro em muitos casos. Alguns dos mais valiosos ministros do Evangelho, que abençoam e abençoaram a igreja de Cristo ao longo da história, devem louvar a Deus pela herança de fé que foram impressas em suas mentes pelo ensino de suas mães.

Esta realidade deve nos mostrar que, mesmo dentro de casa, temos a responsabilidade de evangelizarmos. Não podemos esconder a nossa luz embaixo da mesa ou da cama (Mateus 5:14-16). Precisamos ensinar nossos filhos no Caminho (Provérbios 22:6).

Nossas famílias (pais, irmãos e filhos) são o terreno onde mais devemos semear. Ainda que nossos familiares sejam os que nos conhecem melhor, é no lar que podemos testemunhar a verdadeira transformação que Jesus operou em nossas vidas.

Por isso, permita que seus pais, filhos, cônjuge, irmãos e irmãs conheçam sua fé em Jesus. Ensine a eles. Testemunhe para que eles também possam conhecer e amar o senhor Jesus. Mas, também, faça com que eles vejam e percebam o amor, a alegria e o auxílio de Cristo em sua vida.

Esta é a melhor herança de uma mãe. Mas também de um pai, de um filho, de um irmão...

Pr. Thiago Mattos.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

OS ABENÇOADOS – Pureza


“Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.” – Mateus 5:8

            O verdadeiro cristão (além de dependência, arrependido, manso, misericordioso) precisa ser limpo de coração. Para desfrutar de uma vida cristã madura e sadia, o discípulo de Jesus precisa de pureza em seu interior.

            Como fez em sua primeira bem-aventurança, Jesus utiliza de uma qualidade exterior para expressar uma atitude interior. Os pobres (humildes) não são aqueles que são materialmente pobres. Assim como os limpos, não são os que tem condições higiênicas favoráveis. São os que tem o coração puro.

O reformador Martin Lutero disse que “embora um trabalhador comum (...) possa estar sujo e cheio de fuligem ou mesmo cheirar mal (...) externamente, no interior é puro incenso diante de Deus” pois, em seu coração, confia, medita, obedece e vive pela Palavra do Senhor.

Nas quatro narrativas do Evangelho (Mateus, Marcos, Lucas e João), podemos perceber a severa crítica de Jesus aos mestres da lei, escribas e fariseus que esforçavam-se para manter uma (falsa) ‘pureza’ cerimonial, mas que, em seu interior, só existia “ossos podres e carne comida por vermes” (Mateus 23:27).

O livro de Salmos, por outro lado, nos demonstra a importância de termos um coração puro, pois só o que é limpo de mãos e puro de coração poderia estar na presença de Deus (Salmo 24:3,4).

Mas o que é pureza? Podemos dizer que algo que se encontra ‘puro’ é porque não foi misturado com mais nada. Por isso, o discípulo de Cristo, que tem o coração puro, é alguém íntegro, livre da falsidade e que expressa a sinceridade amorosa em todo relacionamento com Deus e com outros seres humanos. Portanto, podemos dizer que os limpos de coração são aqueles que são integralmente sinceros.

Por isso, os discípulos de Jesus precisam se esforçar para que o íntimo de seu coração (seus pensamentos, intenções e motivações) seja puro, sem mistura com a desonestidade, a dissimulação, a falsidade.

Estes são aqueles que vêem a Deus, porque sua fé pura contempla a Deus e, além disso, poderão participar da glória de Deus no porvir.

Removamos, portanto, de nosso coração qualquer tipo de máscara. Que não sejamos, como o ditado antigo, “por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento.”

“Abençoados são vocês, que puseram em ordem seu mundo interior, com a mente e o coração no lugar certo. Assim, vocês poderão ver Deus no mundo exterior.” – Mateus 5:8 (A Mensagem – Bíblia em Linguagem Contemporânea).

Em Cristo,

Pr. Thiago Mattos.